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Todos os corações que distribuí, de Gabriela Bonavita

Todos os corações que distribuí, de Gabriela Bonavita

Leia abaixo um trecho de "A vez da voz de trovão",  um dos textos de Todos os corações que distribuí, de Gabriela Bonavita: 

 


A primeira vez que te beijei foi no meu aniversário, um caos juvenil, bêbado, febril, ali na
Rua Augusta. A segunda vez, foi em um show no centro da cidade - eu gosto de pensar que era Alceu Valença mesmo não tendo certeza. Minha mãe e minha tia estavam com a gente, lembra? Depois fomos no Blue Pub como se não fosse esquisito sair só nós dois. Do nada.

Foi do nada? Não lembro, gosto de pensar que sim. Foi a partir de então que nossas bocas se mesclaram em novas histórias, mesmo quando eu estava em outro continente, lembra? Você me mandava músicas, textos, e eu nunca me sentia sozinha. Te contava as aventuras do intercâmbio e fazia questão de me manter presente. Tudo parecia perfeito.
Mas eu não fui justa com você desde essa época. Desde o começo. Quando me envolvi
com você, meu coração estava quebrado, espalhado pela minha corrente sanguínea, espetando todas as memórias que eu criava com você. Mas também, pera lá, eu era jovem demais, imatura demais e egoísta demais. Eu gostava tanto de gostar de você mesmo quebrada, que acabei fechando os olhos para o jeito que você gostava de mim. Lembro daquela balada que você chegou do nada (essa foi do nada mesmo). Você não me avisou que ia, só chegou, me achou no meio de tanta gente e me beijou tão feliz que até a música mudou. Mas nada além disso tinha mudado. Eu ainda conseguia sentir os cacos de vidro correndo no meu sangue, cortando todo o caminho que eu escolhi ignorar; eu só sabia continuar. Sofrendo demais, bebendo demais, falando demais; sabotando o que estava nascendo.

  • Sobre a autora:

    Gabriela Bonavita é publicitária de formação e divide o ofício com a carreira no teatro que começou aos dez anos de idade. Há 7 anos, começou a dirigir, escrever e interpretar na extinta Cia. Molotov de Teatro, e segue realizando essas atividades no atual Coletivo da Ponte. Seu conto autoral “A vez que quis falar sobre Lílian” foi transformado em um monólogo chamado “Quero falar sobre Lílian”, apresentado por duas temporadas, uma em 2019 e outra em 2023.
    Nascida e moradora de São Paulo, Gabriela tem duas gatas: Pagu e Bereco, alguns amigos, muitos textos pela metade, um bar preferido e a mania de sempre encontrar mais corações para distribuir.

  • Informações do produto:

    Capa comum: 60 páginas

    São Paulo: novembro de 2024

    Editora Libertinagem: 1ª edição

    Formato: 14x21

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