Tempo para qualquer lado
Leia abaixo três poemas de "Tempo para qualquer lado", de Letícia Prata:
nada é sonho
tenho as vistas mareadas
pelo esquecimento
nas mãos trago resquícios
do tempo
pouco sei de mim
estendo o corpo ao vento
deixo soprar meus navios
sigo inventando tormentas
***
a sineta da infância
fincar os pés
na areia quente e desviar das
águas vivas
esmiuçar sargaços
às vezes sou tomada
por uma mistura
de azeite de dendê
e patchuli
roupas indianas
preciso de um mantra
a cigana quis ler a minha mão
o anel de Ana ela não deu
passo agora os olhos no jornal
o celular ao lado
contenho os dedos
não há boas notícias
o amargo não me sai da boca
para que ter olhos?
dói tudo agora
sempre dói os ossos e um tremor -
ai os meus cansaços
as canções pouco resolvem
quero meu pátio de cimento
o papagaio a relembrar -
tá tudo dentro
tá tudo dentro
o som da infância reverbera
na amplitude do pequeno espaço da sala
***
espanhola
a boneca espanhola
veio de terras distantes
embrulhada em fitas douradas
a boneca de vestido azul
e rendas negras foi despida
em uma manhã de domingo
lá foram ela e a menina
construir castelos
na areia molhada
lá foi a menina descuidar-se
entre o sol o sonho
o vento a água
lá foi a boneca mar adentro
em um pequeno lapso
de volta para casa
Sobre a autora:
Natural de Salvador, BA, graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia e é Mestre em Direito pela PUC/RS. Reside em Porto Alegre desde 1994. Exerceu a docência acadêmica, como professora do Curso de Graduação em Direito da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA); e, como convidada, no Curso Livre de Mediação, da Faculdade de Direito da Unime, em Salvador (mar./2002 e jul./ 2003). Encontra-se vinculada aos quadros do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, desde 2000. Como escritora, publicou poemas no Jornal A Tarde e na Rev. Exu, da Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador, BA. Em 2012, lançou o livro Lã e linha do horizonte, poesia, pela editora Mondrongo, BA. Participou da coletânea Poetas da Bahia II e III, editada pela Expogeo, BA (2003 e 2015), do Dicionário de Escritores Contemporâneos da Bahia, editado pela CEPA (2015) e da Santa Sede, crônicas de botequim, editora Buqui, Porto Alegre ( 2017).
Informações do produto:
Capa comum: 128 páginas
Formato 14x21
Editora Libertinagem 1ª edição
São Paulo, 2022
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