Sob a pele do vulcão, planto as gotas da próxima tempestade, de Bárbara Trombini

Leia abaixo três poemas de "Sob a pele do vulcão, planto as gotas da próxima tempestade", de Bárbara Trombini:
 
Foi?
 

Esdrúxula
Sigo empanturrada
De frituras carnes faltas de nexo 
Sexos íngremes que
Que ao me encontrarem 
Os espelhos se tornaram 
Convexos
 
Atributos de uma boa transa
Vão de pálpebras com pés de galinha 
Até suor que não fede mas cheira
Carinho de quem não tem medo de acarinhar
Tons graves que se pronunciam sem necessidade de pronunciar
 
Adrenalina de uma risada mal posicionada transformada em combustível
Pra mais outra série de 
Beijos lisos e intermináveis
 
Adocicado na ponta da língua graças a sem querer lamber uma lágrima 
Vontade de tragar um tabaco como se fosse um cálice num pódio
Ao mesmo tempo que poderia flutuar em cachoeira gelada 
Poderia também subir de escada ao topo do céu
 
Nada se compara ao conforto que se cria junto 
No ali
Na partilha da nudez exausta
 
E mais que satisfeita, 
Feita
Fome
Agora de comida
Entre língua ainda o gozo 
Peço água e ela vem
 
Do outro lado da cama 
Agora já há outro corpo 
Que voltou a si e lembrou 
Acabou o 
Atravessamento
 
Só silêncio, 
Coagulação 
E memória
 
***
 
Mas amar profundamente o ritual;
Entregar o corpo à ilogicidade 
Atrelando a alma ao desconhecido
Ser quem somos e ir descobrindo, vivos
O quanto a morte da persona é dolorida mas 
É a porta de entrada para o mundo sem fios
Aproveitemos o caminhar dos rios 
E mergulhemos, alforriados
De um compasso rítmico ao controle dos corpos 
E deslumbrantemente olhemos
Ao Sol sem proteção
Amar é a única opção de revolução 

(E o amor é o caos, e não a ordem)
 
***
 
Danço com as mãos
Como se elas soubessem de primeira 
O que fazer
Quando qualquer som 
Encontra meu corpo 
E me toca o âmago
 
Corajosa, já me autuaram 
Mas a questão é que
Se for para me expor,
Que seja das pontas dos dedos 
Ao assoalho pélvico