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Risco

Risco

risco
 

substantivo masculino
1.
probabilidade de perigo, ger. com ameaça física para o homem e/ou para o meio ambiente.

 

probabilidade de insucesso de determinado empreendimento, em função de acontecimento eventual, incerto, cuja ocorrência não depende exclusivamente da vontade dos interessados.

 

Já eu penso em: plasma-placenta-peito-pé. São palavras que me vem, enquanto folheio “Risco”, logo depois de terminar de lê-lo. Fico pensando nessas palavras. Não sei a quem das doze autoras elas pertencem e, ao mesmo tempo, sei que pertencem a todas. Porque o que raramente acontece, aqui aconteceu. As palavras já não são mais de quem as escreveu, e sim do mundo. Ressoam. Ecoam. Plasma-placenta-peito-pé.Penso nessas três palavras, vem do núcleo e então calmamente se abrem, como uma flor que desabrocha. Assim é: esse livro. Passei por suas narrativas como quem passa por diferentes tipos de fogos: os que aquecem, os que iluminam, os que queimam. Lembrei de sensações de um tempo não tão distante, mas com um abismo de dilatação entre o que foi vivido e o que se vive hoje. Elas me fizeram lembrar. Tenho certeza que irão fazer lembrar quem as for ler também. Lembrar de um frio na barriga, de mensagens na madrugada, lembrar de quem fomos e de quem um dia queríamos ser, me fizeram lembrar que tem coisas que só são boas porque acabam e que ainda é possível que o amor domine o mundo antes do colapso climático. Clara, Daniella, Gabriela, Luanda, Mariana, Marília, Mirian, Patrícia, Sofia, Tatiana, Vanessa e Vitória nos guiam por uma jornada na qual não sabemos onde vai dar – isto está avisado no título, só o segura quem não tem medo de percorrer, ou percorre junto ao medo –, mas sabemos, de imediato, a forma de ir: deslizamos por escorregadores subaquáticos formados pelas palavras. Porque se são doze mulheres distintas, através da poesia se tornam uma. E que surpresa: o risco tem ritmo. O risco dança. O risco é uma afronta e também um delicado convite. Se estilhace por inteiro, é o que se solicita ao leitor desta coletânea. Posso dizer que ao contrário do que parece, não dói. É doce. Elas sabem fazer. Nos dão instruções, pedem por nossas palavras, nossas letras, nossos abandonos. Pedem que deixemos algo para trás. E que tragamos conosco algo de novo, no fim dessa jornada. Talvez seja essa a verdadeira definição de risco. A que não se encontra no dicionário, mas sim, em um livro. Neste livro. 


Por Louise Belmonte.

 

Leia abaixo trecho de "risco", de autoria coletiva pelas autoras:

 

Clara Ayroza;

Daniella Sommer;

Gabriela Figueiredo;

Luanda Jabur;

Mariana Ribeiro;

Marília Pujol;

Mirian Ghirardello;

Patrícia Fraga;

Sofia Britto;

Tatiana Teixeira;

Vanessa Cortez;

Vitória Paliari

 

"a marca do biquíni molhado na cadeira de praia. o descanso do bichano redondo no parapeito da janela. o bailar do vento secando as roupas íntimas no varal. nos vilarejos da nova era, cordas guardiãs cintilam a chegada de boas notícias: contraria-se a previsão do tempo [hoje faz um dia lindo], refuta-se a previsão dos astros [coisas boas acontecerão]. acontecem. garrafas vazias indicam noites de riso em abundância. frutas frescas pintam a grama de todo quintal. o amor é um mistério que coração nenhum tem pressa de desvendar. demoram-se os amantes na escuta e no toque [nos olhares e cafés]. encostados na parede da boate, o casal de peito mais aberto. do outro lado da porteira, um arco-celeste estreia no mar. potes de ouro em todas as íris, cartas de amor em todo falar. no topo das montanhas majestosas, anjos e sabiás entoam mantras de boa sorte: bem-aventurados os seres vivos [os sensíveis, os festivos]. as varandas, os encontros. [os leitores.] amores. abertos ao carinho e às delícias desse incrível dia de férias que acaba de começar.

 

guardei meu passaporte dentro de um saquinho na gaveta das calcinhas porque sabia que poderia perder. cinco horas antes de partir ainda estou tentando lembrar onde deixei e jogando palavras ao vento para o único momento em que decidi ser cautelosa comigo mesma. gosto do risco que é se jogar para o desconhecido e do arrepio de não saber onde vai dar [até aqui foi sempre nos melhores abraços]. subo na garupa de uma moto com o olhar e no instante seguinte flutuo pela cidade. danço sem música por ruas que não sei o nome e sinto os primeiros raios de sol dando bom dia para o meu corpo. percebo que ser infinita é passagem só de ida."
 

  • Sobre as autoras:

    Vitória Paliari usa da palavra para aproveitar o axé nosso de cada dia. Filha de Oxalá, tem fé inabalável nas encantarias da vida e é construída pela ideia de um futuro em que vivemos com mais calma e amor. Escreve sobre as maravilhas, mirongas e mistérios da Umbanda em seu Instagram. Mora na cidade de São Paulo.

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    Daniella Sommer Araujo nasceu sob o sol em fogo e escolheu viver junto ao mar. É internacionalista de formação, com prática em comunicação social, pesquisa e gestão de pessoas. Uma alma livre entre a intuição e a ciência, é praticante da escrita e do mergulho como terapias, ávida por histórias e pelo triunfo da liberdade plena de ser e existir. Desde 2022, externaliza reflexões pessoais em sua coluna para o site Sozinha Não. 

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    Vanessa Augusta Cortez é formada em Comunicação Social pela UFRN e mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio. Publicou seu primeiro trabalho no zine de poemas Cata-vento, pela Editora Tribo, em 2013. Em 2022, publicou de forma independente seu primeiro livro de poemas, Esse lugar que a ausência ocupa.

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    Sofia Britto Silveira é designer de moda por formação. Aproximou-se da escrita porque acredita que esse é um importante recurso de auto elaboração. Gosta de observar e de traduzir as percepções através do gesto. Dos movimentos que faz com as mãos saem algumas coisas: palavras, bordados, pizzas, etc.

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    Salvador, anos noventa, um domingo de lua nova. É nesse cenário que nasceu Clara Ayroza. Apesar de soteropolitana, floresceu nas idas e vindas a São Paulo. Fez metade do curso de Letras na USP, mas foi na PUC-SP que se formou (em Direito, vejam só). Escreve desde sempre – com palavras, com ideias, com imagens, com olhares. Nunca se levou a sério, mas conheceu quem a levasse. Pega carona nessa gente desde então. Em 2021, publicou de forma independente a coletânea Coisas encontradas dentro, escrita ao lado de outras vinte e duas escritoras.

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    Tatiana Teixeira é administradora por formação e, nas outras horas, inventa  jeitos de enxergar a vida. Nascida na terra da luz, abraçada pelas ondas do mar e pelas palavras, dança como uma alma que persiste em encontrar a beleza no caminho. Mistura tudo que já viveu com o desejo de novos sentires. Escrever um livro com outras mulheres é um sonho que nem sabia que existia, chega feito amor de verão, sussurrando ao ouvido.

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    Entre a São Paulo que se fez poesia de vida concreta há mais de uma década e o ninho de verdes mares tatuado na alma, Mariana Ribeiro dança pelas cores da existência.

    Descobriu, pequenina, o amor pelas palavras como um modo de vida. Escritas, lidas, ditas, ouvidas… para ela, palavras merecem ser sentidas.

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    Patrícia é paraense de nascença, mas já morou do norte ao sul desse país bonito que é o Brasil. E é a partir dessa mistura de experiências, sotaques, comidas, festas e culturas que cria sua linguagem. Vê a palavra como possibilidade e a escrita como brincadeira, aliás, brincar é a coisa favorita. Além disso, é taurina de abril, psicóloga, estudante de psicanálise e de pedagogia. Em outros experimentos linguísticos, tem apreço pela escuta, pela contação de histórias, pela fotografia analógica, pelo cinema brasileiro e pela cultura popular. Sempre tenta inventar um modo de entrelaçar as paixões.

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    Luanda Jabur estudou Letras na USP e é professora. Acredita no dentro e fora da palavra, frente e trás, onde descansa e onde caminha, entrelinha.

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    Marília Pujol é formada em comunicação social, estuda estética e psicanálise e é apaixonada por tatear o lado humano das coisas. Trabalha com planejamento estratégico, criação de conteúdo e narrativas criativas desde 2012, mas guarda espaço para devorar o mundo com os olhos e colecionar palavras.

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    Sou Mirian Ghirardello, uma profissional da indústria criativa apaixonada por capturar a essência da vida cotidiana. Nascida e criada no Brasil, tive o privilégio de chamar a Califórnia, o estado de Washington e Nova York de lar antes de encontrar meu refúgio na encantadora cidade de Cascais, Portugal. 

    Minha escrita transcende meras palavras; é minha respiração. Age como um botão atemporal de pausa, congelando momentos para nos reconectar com nós mesmos e com aqueles que amamos. Descubro beleza na simplicidade da vida e minha missão é inspirar os outros a abraçar sua humanidade e vivenciar o amor nos detalhes mais comuns do dia a dia.

    ***

    Gabriela Figueiredo se formou em jornalismo pela Puc- RJ e é mestra em mídia pela New School University- NY. É produtora audiovisual e foi sócia por 15 anos da produtora Samba Filmes, onde dirigiu e produziu filmes, documentários, shows e programas de TV. Atualmente escreve umas coisas por aí.

  • Informações do produto:

    Capa comum: 196 páginas

    São Paulo, 2024

    Editora Libertinagem: 1ª edição

    Formato 14x21cm

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