Nimbo, de Elen Rodrigues

Leia abaixo alguns poemas de Nimbo, de Elen Rodrigues:
 
A noite vaga, trô
pe
ga,
por entres e temores, as
angústias, ansiedades, planos dos amantes,
tragos, goles, traças, teias, mofos e as plantas
não regadas
que secas vão
esmaecendo, como as pernas
moles no sofá rasgado
de molas quebradas.
Jaz uma xícara de
café que outrora estivera
quente e agora é só
alegoria da memória,
fantasma de um sabor que
já não existe.
Resta o
ralo e um
travesseiro.

[08/01/2020]                                                                                                  //01:24 a.m.//
Sigo regurgitando,
principalmente, essas doçuras
indigestas, plásticas, pílulas hemorrágicas embrulhadas em sorrisos
coloridos - artificialmente – e
brilhantes, pagos em doses,
vezes em doze meses, pra
fingir em trezentos e sessenta e cinco parcelas de projeção e auto rejeição.
Contra_ventora, a favor dos ventos
e vendavais pra bagunçar essas
organizações das quais ninguém de fato
usufrui.
-
Certas coisas - algumas delas - escolhas - possibilidades - certezas - bolhas - rolhas - celebrações - canções - lamentações - folhas - sementes - potências - vivências - dúvidas - música - arte - parte – tarde
De artigo em artigo que lhes antecede - femininos -, elaboro a coletânea exclusiva da minha jornada.
Re_porto o que não cabe para não pesar na jangada.
-
Dos grãos de desejos
que de mim despendo
e os aqueço
os agito quando neles penso
Penso tanto
que esquento
A tal ponto que
tanto
saltitam, brincam e
brotam
Apesar do meu espanto
para meu contentamento
Pensamentos, quando os planto
Frutos colho,
sementes não recolho,
espalham-nas o vento