Mutações no Cerrado, de Ana Centeno
Primeiro volume da série "Saga Aquariana", dá continuidade ao relato da vida de Alice iniciada em "Decameron Subtropical” (2024). Eventos nomeados pelos oráculos do I Ching, que envolvem as vivências iniciáticas de um grupo de jovens idealistas na comunidade alternativa que tinha o nome de CEU e, muitas vezes, parecia um inferno. Um romance recheado de ingredientes da Nova Era: os choques entre o ideal e o real na vida comunitária, os êxtases místicos, as crises com o sistema capitalista e entre alternativos e moradores locais; a vida sexual aquariana; os conhecimentos e opções alternativas em medicina, agricultura e religião; registros do movimento Alternativo brasileiro.
Leia abaixo um trecho de "Mutações no Cerrado", de Ana Centeno:
Alice buscava, desesperadamente, entrar em contato com o Movimento de Comunidades Alternativas Rurais, enquanto tentava continuar sua vida normal no sul.
Por duas vezes, Alice tentara participar do Encontro Nacional de Comunidades Alternativas. Em 1985, perdera o IX ENCA, em Nova Gokula, comunidade de devotos de Krishna, em São Paulo, porque Sabrina nascera na semana anterior ao início do evento.
No ano seguinte, em plena campanha eleitoral para a Constituinte, não conseguiu libertar-se dos compromissos, perdendo o X ENCA, em Alto Paraíso, no Goiás.
No início da sua gravidez, período de muita leitura, meditação e yoga, ela tomara contato com a literatura “apocalíptica” e, imediatamente, decidira-se: precisava mudar-se para o Planalto Central do Brasil. E não perdeu tempo. Pesquisando em revistas do Movimento Alternativo, descobriu endereços de comunidades rurais que se mostravam abertas a visitas e adesões e iniciou a busca de um local para se instalar. As respostas não foram promissoras, mas confiava que no ENCA encontraria algo. Quando esta opção falhou, não esmoreceu, e nas férias de verão foi avaliar as possibilidades do sul de Minas e nas montanhas do Rio de Janeiro.
A beleza das montanhas próximas ao pico das Agulhas Negras deixou-a encantada, com suas Araucárias em meio à floresta tropical úmida; os rios caudalosos e gelados, de águas totalmente transparentes; a cultura nórdica dos imigrantes ali instalados, produzindo deliciosos chocolates, licores e molhos picantes. Porém, a proximidade com as grandes metrópoles e, principalmente, com a Usina Nuclear de Angra, fizeram-na eliminar o local como opção para morar.
Amou Minas Gerais. Mas queria algo mais para o interior, bem no Centro Oeste.
— Já sei, vou instalar-me em Goiás e passear em Minas Gerais. — Fora a intuição com que voltara daquelas férias com os filhos. Primeira oportunidade em que sentiu o magnetismo do cerrado. Os dias passados em Ouro Preto valeram por uma viagem ao passado. O fim de semana numa comunidade rural próxima a São Lourenço fora o batismo alternativo. Minas Gerais ganhara mais uma fã.
Ao abrir mão do X ENCA, sabia que seria seu último inverno no sul e dedicou-se totalmente a queimar seu karma com aquele povo, pois depois voaria livre para o seu novo destino. Dedicou-se seriamente à campanha da bancada ambientalista para a Constituinte e ao seu trabalho na Universidade, já preparando o povo para a sua partida. Todos logo concluíram que ela enlouquecera de vez.
Nas férias de verão, foi sozinha, conhecer o Mato Groso, num voo direto a Cuiabá. A Chapada dos Guimarães prendeu-a até o Natal. Curtiu suas cachoeiras, abismou-se frente ao magnífico de seus paredões, conheceu o local do futuro XI ENCA e aprofundou seu conhecimento da tribo alternativa. Desfrutou do prazer de mergulhar, por um dia inteiro, nos arquivos que registravam a história dos Encontros anteriores, recuperando um pouco do tempo perdido. Mas o Mato Grosso assustou-a. Rude demais. E Goiás continuava lá, chamando-a.
Estas memórias passavam pela mente de Alice, enquanto bebia uma cerveja e escrevia em seu diário suas aventuras atuais.
“Desde ontem, estou tentando ir para a Chapada dos Guimarães, para o ENCA.”
Sobre a autora:
Gaúcha com 70 anos, nascida e criada em Rio Grande,onde mora atualmente, após três décadas vivendo no Planalto Central. Bióloga e professora aposentada, dedica-se à literatura e arteterapia. Publicou o primeiro livro em 2015:"O Marinheiro "(Chiado Editora) e o segundo livro em 2024:"Decameron Subtropical "(Editora Libertinagem)
Informações do produto:
Capa comum: 216 páginas
Editora Libertinagem: 1ª edição
Formato 16x23
São Paulo, julho de 2024
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