Brasilicídio, pandemia e uma ruma de poesias, de Fernando Brito
Leia abaixo três poemas de Brasilcídio, pandemia e uma ruma de poemas, de Fernando Azevedo:
Brasilicídio
Há quem veja o futuro pelo restrito espelho do retrovisor.
Há quem defenda a liberdade pregando intervenção.
Há quem defenda a família destruindo a sua própria.
Há quem fale de Cristo pregando o desamor.
Há quem exerça a cidadania em infantil clima de gincana.
Há quem culpe a democracia pelas suas frustrações.
Há quem seja inconsequente ante a beira do penhasco.
Há quem ameace a Justiça com o justiçamento.
Há quem refute a ciência por acreditar em mitos.
Há quem confie o seu pescoço à lâmina do carrasco.
***
Presidentealismo
O presidente presidenteava.
Enquanto presidenteava,
despresidenteou.
E aquilo que presidente era
não mais presidente foi.
Um dia acreditei que
sabia o que presidente era.
Certa vez, cri na presidenteagem,
nos avanços que apresidentava.
Despresidentecobri, todavia,
despresidenteciosamente,
que o presidentealismo
era diferente do presidencialismo.
Presidente? Ausente!
Marielle? Presente!
Mais que binário
Entre o zero e o um,
há infinitos números.
Entre a esquerda e a direita,
incontáveis visões.
Entre o bem e o mal,
múltiplas proposições.
Entre o certo e o errado,
interpretações.
Viver o maniqueísmo é tortura.
Torná-lo lei, loucura.
Odiar divergentes, morte.
Se os meus olhos refletem os seus,
os seus olhos nos meus, espelho.
Reflexo diverso, que entalha.
Contraste, que me faz mais rico.
Oposição, que me fortalece.
Se a pimenta do verbo queima,
água na boca é respeito.
Respeito, no peito, é verdade.
Reverência, urbanidade.
Se a discórdia for o fruto amargo,
colho do galho a concórdia.
Concórdia, no peito, é vontade.
Tolerância, civilidade.
Informações do produto:
Capa comum: 80 páginas
Editora Libertinagem, 1ª edição
São Paulo, fevereiro de 2025
Formato 14x21cm
Sobre o autor:
Fernando de Azevedo Alves Brito é um soteropolitano, nascido em 1979, radicado em Vitória da Conquista/BA, onde exerce, após aprovação em concurso público, a função de Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). É Doutor em Direito (UFBA), Mestre em Ciências Ambientais (UESB), Advogado (licenciado) e Graduando em Cinema e Audiovisual (UESB). É líder do Núcleo Pós-humanista de Saberes e Direitos Animais, Ambientais e Cibernéticos (NÚCLEO SUÍÇA) e integra o Coletivo de Escritores Conquistenses. Já escreveu, no campo acadêmico, livros e dezenas de capítulos de livros, artigos científicos e trabalhos publicados em anais de eventos, enquanto, no campo literário, já escreveu contos, microcontos e poemas, inclusive haikais, vários deles publicados em sites, revistas, jornais e antologias. Fernando é um democrata por natureza, que acredita na revolução dos pequenos gestos: uma filosofia de vida galgada na ideia de que é possível transformar o mundo em um lugar melhor, a partir de singelas contribuições nas vidas de pessoas que cruzam o seu caminho. Agir dessa forma, por si só, é como escrever poesias nas asas do tempo.
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