Artéria
Leia abaixo três poemas de Artéria, de Clareanna Santana:
arquitetura
no fio elástico da minh’alma
que desenha a minha cura
faz de mim a ideia farta
e de tu a essência pura.
quando você, doce, for água
eu, extensiva, serei chuva.
se sua visão é sagaz e clara,
a minha é lenta, estranha e turva.
sua vida, se é amarga
eu sou a própria amargura.
mais complexo que seu fardo
é a minha arquitetura.
*
coração de baleia
a veia recheada,
meio carne,
meio máquina,
reserva-se pronta e cheia.
liga-se ao músculo salpicado
entre doçura e pecado:
meu coração de baleia.
*
cárdio
tenho um corpo estranho
que rende mais três anos
metade metal / metade orgânico
corpo que pulsa mecânico
transmutado: septo
disfarçado: ético.
Informações do produto
Capa comum: 96 páginas
Formato 14x21
Editora Libertinagem 1ª edição
São Paulo, 2022
Sobre a autora:
Clareanna Santana, nascida em 27 de abril de 1987, é baiana radicada na Paraíba, poeta, feminista, cientista social e mestre em antropologia. Contribui para o ponto de cultura e grupo musical Viola de Bolso (Eunápolis-BA) e para a revista literária Geração de 20 (Feira de Santana-BA). Idealizou, junto com a ilustradora Amma (BA/BH), o projeto VerPoesia. Publicou, de forma independente, fanzines digitais com poemas minimalistas (É-Zine de Poesias). Tem poemas publicados em coletâneas, antologias, revistas digitais e no seu perfil @clareamente.