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A memória é uma folha seca, de Joselma Noal

A memória é uma folha seca, de Joselma Noal

Leia abaixo um trecho do primeiro romance de Joselma Noal, "A memória é uma folha seca":

 

"Sempre que lia o último verso, Soledad repetia o gesto de olhar ao céu a procura de seu anjo, aquele por quem tanto havia buscado pela terra. Fazia o sinal da cruz antes de unir a sua voz a da amiga para mais uma declamação do poema. Meninas, almoço! A voz da irmã Julia se espalhava pela casa. Algumas manchetes foram lidas, porém muitas páginas as aguardavam. As duas velhas combinavam a continuação da leitura para depois da refeição e seguiam para o refeitório. Caminhavam lado a lado, será que vai chover, Lúcia? E um trovão retumba nos ouvidos de Soledad.

 

***

 

Tenho medo. Muito medo de trovão. ¡Mamá! ¡Mamá! Lavo a louça cantando para espantar o medo do temporal. Ouço um barulho, lá fora vejo um senhor alto aproximando-se. Corro pelo campo. Será que ele sabe onde está a minha mãe? ¡Mamá! ¡Mamá! Estou com medo, quero correr e minhas pernas são curtas. Não consigo caminhar, me sinto sem forças. O medo aumenta ainda mais e eu não consigo correr. Andrés em nossas brincadeiras sempre é o mocinho que me salva e, na hora que preciso dele, desaparece. ¡Mamá! ¡Andrés! O homem alto me agarrou pelo braço, me parece que sabe onde minha mãe está. Será mesmo que sabe? ¡Mamá! ¡Andrés!

 

***

 

Soledad, Soledad! Para de olhar para a chuva, menina, vai servir tua comida. Hoje tem guisado com batata como tu gostas! – era a irmã Júlia, precisaria anunciá-la? Soledad gostava da irmã Júlia, apesar de gritona, era ela quem a salvava dos pesadelos que tem acordada. Ah, ela esquecera de trazer o Andrés e o Diego, com a chuva, seria melhor estarem todos juntos. Bobagem! Eles não tinham medo da chuva, mesmo trovejando. Dios mío, qué peligro. Estava muito boa a comida para Soledad. Maria, gostou do almoço? – Soledad pergunta àquela que nunca gostava de nada, tudo para ela era desagradável, assim afirmava. Quando Soledad falou sobre a chatice da Maria para as colegas, soube dos boatos: tinha muito sofrido a morte por consumo de drogas de um filho ainda jovem, teria passado por situações trágicas como mãe."

  • Informações do produto:

    Capa comum: 140 páginas

    Editora Libertinagem: 2ª edição

    São Paulo, 2024

    Formato: 14x21

  • Sobre a autora:

    Joselma Noal é porto-alegrense, doutora em Letras, professora da FURG, tradutora juramentada e literária de língua espanhola, autora de Aroma Hortelã (Editora Movimento), Duzentos (Editora Kazuá), Minis de Quarentena (Editora Libertinagem) e Demorei a descobrir que meu pai era um guri (Editora Libertinagem). Publicou dois
    romances escritos em coautoria: Condomínio Saint-Hilaire e Ventania, sendo o último premiado pela Lei do Livro Rio Grande, 2020, escrito pelos Escritores de Quinta, grupo que coordena desde 2016. Tem contos e minicontos publicados em muitas coletâneas.
    Coordena o coletivo Mulheres de Escrita, desde outubro de 2021, organizou a obra Sete mulheres minicontam (Editora Libertinagem), escrita por este coletivo de mulheres.
    Ministra oficinas literárias on-line e presenciais em Porto Alegre. A memória é uma folha seca marca sua estreia como romancista e foi premiado pela Lei do Livro de Rio Grande, em 2022, resultando do prêmio a primeira edição da obra em novembro de 2023.

  • IMPORTANTE:

    INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE LIVROS ADQUIRIDOS EM PRÉ-VENDA:

    Os produtos adquiridos em pré-venda funcionam como um tipo de encomenda dos nossos livros. Você compra enquanto eles ainda estão em processo de edição. A pré-venda dura três semanas e, após este período, há ainda etapas de finalização na Libertinagem antes de ir para a impressão. A gráfica responsável, por sua vez, se reserva o direito de usar um prazo de dez dias para entregar os exemplares à Editora. Em geral, é bom contar com um prazo médio de até quatro semanas para que enviemos o seu livro. Uma vez que os exemplares estiverem na Editora, os envios serão feitos imediatamente.

R$ 48,80Preço
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