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A ausência de lembrança

A ausência de lembrança

Leia abaixo três poemas de A ausência de lembrança, de Dave H. Santos: 

 

BALADA FEROZ DOS SENTIMENTOS INEFICAZES

 

Na espera de que tudo possa se resolver existem duas coisas nas quais nos identificamos
Na primeira, o andamento delineado dos sentimentos
amorosos nos perseguem
Voláteis como tudo que se diz como sentimento
Inúteis para a consciência e vorazes na abrupta realidade
Na segunda, o extremo sentido dos sentimentos amorosos nos lançam em um poço
Escuro e derradeiro que impossibilita a recuperação,
apenas o adoecimento precoce


Quando não se tem estrutura, se vai, se morre, se penitencia
Forçado a trabalhos longínquos para satisfazer a desejos
Por isso que se morre, se penitencia
São caroços que ao nascerem já se sabe seu destino
Numa doçura fatídica de vazantes corações
Desenfreamentos tácitos e cirúrgicos que revelam um arrebentar de ondas


Coloridos, mal coloridos, sentidos como sem cores
Envenenados de cegueira ciumenta
Perplexa de algoritmos redundantes que dizem através de uma não fala
Golpes precisos que violentam o ar que oxigena
Melodias falsas que renascem da memória e nela se instalam para sempre
Arbustos que balançam contra suas vontades, mas que estavam a favor do vento


Pseudônimos para as coisas que sabemos bem os seus nomes
Afago transferido para pobreza de gestos
Dores simpáticas ao corpo efêmero que deseja e nada mais
Soluções rápidas que prejudicam a eterna ceifa matinal
Restante de lugarejos tolhidos pela moral resiliência
Decrepitude neotanatológica de ainda insistir de habitar esta lembrança

 

***

 

ANDARE VIA

 

Alguns podem achar ou mesmo ter certeza,
que parece loucura!
Mas na verdade pode ser REALIDADE
Pode ser, sem nenhuma pretensão a tentativa de viver
Ou pode ser, ainda, a Realidade de não mais querer viver
Pelo menos por hoje, pois o amanhã pode ser mais...


Alguns podem achar ou mesmo ter a certeza
que parece tristeza!
Mas na verdade pode ser GRITO
Pode ser, sem nenhuma pretensão a tentativa de escapar
Ou pode ser, ainda, o Grito de não poder mais escapar
Pelo menos por hoje, pois o amanhã pode ser bem menos...


Alguns podem achar ou mesmo ter a certeza
que parece solidão!
Mas na verdade pode ser ENFRAQUECIMENTO
Pode ser, sem nenhuma pretensão a tentativa de continuar
Ou pode ser, ainda, o enfraquecimento de não pode ser mais todo
pelo menos por hoje, pois o amanhã pode ser ainda mais tolo...


É a REALIDADE que não quer mais viver
É o GRITO que não mais escapa
É o ENFRAQUECIMENTO que nos torna tolos


A realidade nos escapa pelo grito tolo do enfraquecimento de viver da solidão!

 

***

 

DO PEQUENO LIVRO DE POESIAS ESQUECIDO
NA GAVETA

 

As mesmas mãos que fazem enxergar
são as mesmas que fazem a produção do sentir
Da mesma forma que a dor se entrelaça no coração
reside e em sua residência transforma
Não mais na mesma coisa, mas em outra
Não mais na mesma coisa, mas em tudo
De outrora pensar que tudo que sentimos está no enxergar
Do pequeno menor é que pode surgir o grande pequeno
seja escondido na gaveta por anos, mas sempre esteve lá
nós é que o abandonamos, nós que o esquecemos
Quando não mais sentir, enxergá-lo-emos
Pois enxergá-lo agora é puro não-saber

  • Sobre o autor:

    Dave H. Santos é escritor e poeta, natural da cidade de Caruaru, Pernambuco, onde trabalha com livros e restaura obras raras. Este é seu primeiro livro de poesias, que reúne poemas que foram compostos em vários estágios da vida. Teve um conto de sua autoria publicado no livro Asas da Palavra no País de Caruaru. Atualmente estuda e pesquisa os autores caruaruense.

  • Informações do produto:

    Capa comum:  104 páginas

    Formato 20x20

    Editora Libertinagem 1ª edição

    São Paulo, 2022

  • Legal saber:

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R$ 42,00Preço
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